Hoje estreamos mais uma seção aqui no blog. Na Filmes Coolt, vamos abrir espaço para filmes antigos, alguns conhecidos, outros nem tanto. A intenção dessa nova seção não é fazer uma daquelas listas de "tem que ver", mas simplesmente, apresentar filmes que nós gostamos (ou não) e dizer por que nós gostamos (ou não).
Eu pensei em começar com o clássico gore Cannibal Holocaust, mas como a semana é de comemoração aos 70 anos do grande Al Pacino, escolhi um filme bacana dele, embora não muito conhecido chamado Parceiros da Noite (Cruising).

Parceiros da Noite foi escrito e dirigido pelo William Friedkin em 1980 e é um thriller sombrio e muito bem orquestrado. Ele faz parte da geração de filmes que veio, de alguma forma, discursar contra a promiscuidade e o sexo desenfreado que tinham tomado conta dos EUA nos anos 70. Com a explosão das doenças sexualmente trasmissíveis e, logo depois, o surgimento da AIDS, transar tinha ficado perigoso demais, e o cinema hollywoddiano mostrava isso em filmes como Vestida para Matar, de Brian de Palma, e À Procura de Mr. Goodbar, de Richard Brooks.

Parceiros da Noite segue essa lógica ao colocar um assassino brutal espalhando terror pela comunidade gay, principalmente, no grupo ligado em sadomasoquismo. Sem se importar em ser sutil, o filme já começa mostrando um braço boiando num rio, policias se aproveitando de travestis e um assassinato que dá uma boa ideia de onde David Fincher se inspirou para filmar os ataques realistas que ele mostra no filme Zodíaco.

Al Pacino (irretocável) surge depois como Steve Burns um policial designado para se infiltar no submundo gay para tentar atrair o assassino, já que tem as características físicas que parecem atraí-lo. Sozinho, Burns começa sua investigação ao mesmo tempo que se sente estranhamente atraído por esse novo mundo. O clima soturno e brutal, não nos deixa esquecer em nenhum momento que estamos vendo um filme do mesmo diretor de O Exorcista. Friedkin não se mostra tímido em apresentar sequências fortes, que se não são explícitas, são claramente sugestivas ao mostrar sexo oral, fist fucking e outras modalidades sexuais.

Execrado na época de seu lançamento tanto pelos críticos, quanto pela comunidade gay, Parceiros da Noite foi redescoberto nos anos 90 e acabou ganhando aprovação dos detratores. Não deixa de ser um registro interessante das atividades sexuais praticadas por um grupo específico, naquela época em que tudo podia. Por exemplo, as polêmicas pulseiras do sexo de hoje, não são novidade nenhuma, embora muita gente possa pensar. O filme mostra como o sistema de cores também era usado nos anos 80, mas não em pulserias, e sim em lenços coloridos. Dependendo da cor e em que bolso o lenço estava, podia significar sexo oral, golden shower, S&M e por aí vai.

Com um final interessante que versa sobre a homofobia interna ("Você me obrigou a fazer isso", diz o assassino após cada ataque, responsabilizando, assim, o objeto de seu desejo pela atração que ele sente), Parceiros da Noite merece ser descoberto por quem não conhece. Não vai ser fácil achar o DVD por aqui, ainda mais a edição de luxo que saiu nos EUA, mas a internet está aí para isso. Se quiser ter uma prévia, é só conferir o trailer aqui em baixo.