Os falsos documetários voltaram a cair nas graças de Hollywood. Sucessos como Cloverfield e Atividade Paranormal mostram que a simples indução à ideia de que o que acontece na tela é real é capaz de criar uma grande identificação com o público ou mesmo, se mostra um artifício interessante para exorbitar os momentos de tensão.
Com a explosão de filmes que usam desse artifíco, é no mínimo interessante dar uma olhada num dos precursores desse sub-gênero, o terror gore Cannibal Holocaust. Eleito um dos vinte filmes mais controversos de todos os tempos, a produção italiana chegou as telas em 1979 e ainda é considerada por muitos um dos melhores filmes de terror da história.
Levando a ideia de falso documentário ao extremo, o filme se divide em duas partes. Na primeira, ficamos sabendo que um grupo de documentaristas se embrenhou na Floresta Amazônica para fazer um filme sobre índios canibais e nunca voltou para casa. Uma equipe é destacada para procurá-los, mas o que acabam encontrando sãos os esqueletos dos documentaristas, junto com todo o material que eles filmaram, intacto. A segunda parte do filme mostra as filmagens que os documentaristas fizeram na floresta, imagens que vão do grotesco ao ridículo, e que, de alguma forma, justificam o fim que eles tiveram nas mãos dos índios.
Nunca tinha feito essa relação antes, mas vendo Cannibal Holocaust, percebi o quanto o cinema gore e o pornô tem em comum. Ambos têm suas próprias regras, ambos crescem à margem de uma grande indústria e ambos usam de imagens extremamente explícitas para alcaçarem seus objetivos. Enquanto no pornô closes de genitálias e do ato sexual são mostrados para que o espectador tenha uma reação institiva e animalesca em relação ao sexo, o gore acaba conseguindo esse mesmo tipo de efeito com relação a violência.
São incontáveis as cenas fortes e ultrajantes de Cannibal Holocaust. Estupros coletivos, sevícias, maltratos a animais, decepamento de membros e por aí vai. Uma careta de repulsa surge involuntariamente em nossos rostos a cada uma dessas cenas, mas longe de querermos parar de ver, continuamos para saber até onde aquele filme vai nos levar. Não só isso, esperamos ansiosamente pelo momento em que os documentaristas babacas vão, enfim, pagar por seus atos impensados e comerem o pau que o diabo amassou na mão dos canibais. E aí esse momento chega, e não satisfaz. Queremos ver mais sangue, mais violência, mais dor. No fim do dia, Cannibal Holocaust nos torna animais por pouco mais de uma hora e meia, nos faz regredir na escala da evolução.
Ainda assim, podemos falar que a direção acertada do filme ainda tem muito o que ensinar aos que pretendem levar falsos documentários ao cinema, as atuações naturalistas dos atores ajudam a entrarmos no clima de realidade. Podemos ainda tentar discorrer sobre as mensagens que o filme quis passar: que nos fazemos de civilizados, mas estamos mesmo é atrás de sangue, que os ditos civilizados podem ser mais selvagens que aqueles que se mantém afastados da sociedade... Mas quem estamos enganando? Cannibal Holocaust é pornô para sádicos, e quem ver o filme esperando mais do que isso, pode se decepcionar.
Ainda assim, podemos falar que a direção acertada do filme ainda tem muito o que ensinar aos que pretendem levar falsos documentários ao cinema, as atuações naturalistas dos atores ajudam a entrarmos no clima de realidade. Podemos ainda tentar discorrer sobre as mensagens que o filme quis passar: que nos fazemos de civilizados, mas estamos mesmo é atrás de sangue, que os ditos civilizados podem ser mais selvagens que aqueles que se mantém afastados da sociedade... Mas quem estamos enganando? Cannibal Holocaust é pornô para sádicos, e quem ver o filme esperando mais do que isso, pode se decepcionar.
Parece perturbador!
Discordo de ser um filme pra sádicos. Isoo é um clássico do terror e suspense.