Freddy Krueger é um dos assassinos mais inspirados do cinema de horror. Cria do mestre Wes Craven, o pedófilo vingativo se difere de outros matadores exatamente por ter um passado, uma gênese e um rosto. Queimado, vá lá, mas um rosto.
Freddy é o assassino perfeito para o cinema. Carniceiro, sarcástico e indestrudível, uma vez que ele já está morto, o cara se alimenta do medo e pode voltar para tantas sequências forem necessárias. Quando o remake de A Hora do Pesadelo foi anunciado, o meu maior medo foi que o ator escolhido para dar vida ao Freddy não estivesse a altura. Mas, felizmente, está. Jackie Earle Harley domina o filme com seu Freddy. Está tudo lá, o humor sarcástico, a indolência e um novo ingrediente que torna o personagem ainda mais aterrador, o sadismo.
Com um Freddy tão bom quanto o de Robert Englund, o filme dirigido pelo clipeiro Samuel Bayer vai muito bem, desde o intrigante prólogo, até a sangrenta sequência final. É certo que aqui e ali, o roteiro dá uma derrapada, periga ficar monótono e extenso demais, mas isso é compensando pelas ótimas sequências de Freddy em ação, como as mortes de Jesse e Kris (a Ella de Melrose Place, que nem com muito esforço passa como uma garota de 17 anos) e a cena final, mas assustadora que a da versão original.
Por falar na versaõ original, os fãs vão poder conferir no novo filme cenas que se tornaram emblemáticas em A Hora do Pesadelo, como Freddy surgindo da parede sob a cama (que não é tão legal quanto a original, devo confessar), o cadáver no corredor da escola e as garras de Freddy emergindo da água da banheira. Já a antológica cena da morte de Johnny Depp no filme original não foi refilmada, embora ela influencie duas cenas na refilmagem.
Mais eficiente do que os outros remakes da Platinum Dunes, A Hora do Pesadelo é bem-sucedido em sua tentativa de recriar um mito e abrir caminho para uma nova série de filmes. E como o contrato de Jackie Earle Harley prevê mais dois filmes, Freddy Krueger de voltar a aprontar muito em breve.


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