O vício por seriados é algo que acomete a muitos de nós. A gente conversou com Michel Arouca, 27 anos, publicitário/blogueiro de São Paulo. Ele contou que seu vício por acompanhar séries de acordo com a exibição americana se iniciou na temporada final de Friends. Michel começou a blogar há cinco anos e hoje é editor de um dos sites mais bacanas sobre seriados: o Série Maníacos. Confira a entrevista!
Coolt: Conta pra gente um pouquinho de como nasceu a idéia do site?
Michel: O Série Maníacos existe desde 2006 e é um dos pioneiros desse nicho de reviews de episódios, notícias e colunas sobre séries. Na época o Eric Fernandes e o Anderson Vidoni se juntaram para começar o Série Maníacos depois de terem colaborado em outros sites e blogs. Pouco tempo depois eu (Michel Arouca) fui convidado para fazer parte da equipe. Com tempo fomos “recrutando” novos colaboradores e o blog foi crescendo cada vez mais e hoje é um dos maiores blogs independentes sobre séries do Brasil. Em Novembro de 2008 o Eric Fernandes sofreu um acidente e faleceu. Ele foi um grande amigo e um dos responsáveis pela popularização dos blogs de séries no Brasil. Se hoje o Série Maníacos é o que é muito se deve ao Eric. Com o falecimento do editor do blog e com os compromissos diários do Anderson Vidoni, acabou meio que caindo no meu colo o cargo de editor do Série Maníacos, e até hoje estou aqui junto com a fantástica equipe do blog levando o melhor conteúdo de séries para os fãs.
Coolt: Nós acompanhamos algumas séries também, mas fica impossível ficar sempre em dia com elas. Como vocês fazem? É uma equipe grande? Como fica a grade de séries distribuídas pelas pessoas?
Michel: A equipe de colaboradores do Série Maníacos é bem vasta. Hoje temos mais de 15 pessoas escrevendo para o blog e tentamos cobrir as principais séries. Não temos deadlines para a entrega de textos ou cobranças absurdas. Primeiro que somos muito afortunados de poder contar com colaboradores extremamente talentosos e responsáveis. Ninguém recebe salário. É tudo feito de fã para fã e eles sabem da importância de entregar um texto ágil e inteligente numa janela de tempo apropriada.
Coolt: O fenômeno Lost está chegando ao fim. A ABC estava apostando em FlashFoward para substituí-la, mas houve uma certa decepção. Você gosta da série? O que você acha que faltou para a série pegar de verdade?
Michel: FlashFoward foi a grande decepção de 2009. A série estava sendo vendida pela própria ABC como “o novo Lost” e realmente surpreendeu com um ótimo episódio piloto, mas com o passar das semanas, ficou claro que os roteiristas de FlashFoward não eram bons e o grande problema da série foi a falta de conexão com os personagens. FlashFoward provavelmente deve ser cancelada em Maio e sinceramente não vai fazer falta.
Coolt: Esse ano a Fox anunciou o fim de um de seus grandes sucessos: 24h.Você acha que acabou numa época legal, ou ainda tinham fôlego pra mais uma temporada?
Michel: 24 foi uma série que revolucionou o mercado com seu formato único e com um roteiro brilhante envolvendo política, espionagem e relacionamentos pessoais. Porém, depois de oito anos ficou claro que o desgaste criativo do roteiro chegou ao seu limite. A temporada atual está muito fraca e previsível. Está apenas repetindo situações passadas com novos personagens. A audiência americana também não está ajudando e como 24 é uma das séries mais caras da televisão americana, a FOX não teve outra escolha. Não vai acabar no auge da série, mas precisa acabar. Já temos a confirmação também que um filme será produzido depois da oitava temporada para concluir a saga de Jack Bauer.
Coolt: A E!Online já começou a campanha Salve um Show. Chuck mais uma vez está na lista. Em sua opinião a série sobrevive ou não?
Michel: Eu acho praticamente impossível Chuck não ganhar uma nova temporada. A qualidade de 3ª temporada está sensacional, os custos estão relativamente baixos para a NBC, eles possuem um grande patrocínio da lanchonete Subway e a crítica especializada ama a série. Castle também estava na campanha Salve um Show da Kristin e acabou de ser renovado para a terceira temporada. Eu sou fã de Chuck e não estou preocupado com o cancelamento.
Coolt: Chuck foi salvo pelos fãs na temporada passada. Com tantos fãs apaixonados, por que você acha que a série não consegue deslanchar?
Michel: O problema de Chuck é a NBC. O canal tem sofrido muito com as péssimas decisões na programação e tem investido em muitas séries com qualidade duvidosa. A credibilidade da emissora está no fundo do poço. Por mais que Chuck não tenha uma audiência total muito grande, a audiência dos adultos entre 19-49 anos – que a audiência mais importante para uma série – chega a ser similar ao de dramas muito bem sucedidos como CSI: Miami. É por isso que eu não me preocupo muito.
Coolt: 30 Rock não tem uma audiência muito expressiva, mas agrada aos críticos. A série vem conseguindo abocanhar vários prêmios, durante esses anos. Em 2010, Glee conseguiu tomar o Globo de Ouro da série de Tina Fey e Alec Baldwin. Mas as comédias mais vistas (Two and a half man e The Big Bang Theory) são negligenciadas pelos grandes prêmios. Você arrisca algum motivo pra isso?
Michel: Muitos acreditam que o Emmy e o Globo de Ouro costumam favorecer “queridinhos” e séries cheias de hype por trás. Tina Fey é um exemplo de “queridinhos”. Sim, ela é muito talentosa, mas eu particularmente prefiro muito mais o estilo de Two and a Half Men (com exceção da temporada atual que não está das melhores). Já Glee é o exemplo perfeito de hype. Gosto de Glee, mas acredito que série precisava completar pelo menos uma temporada para provar que é realmente toda essa maravilha.
Coolt: Como você vê essa tendência das séries de comédia de migrarem para um humor mais ácido como Family Guy ou Cougar town?
Michel: Humor e comédia são coisas complicadas. Eu já não acho o humor de Cougar Town ácido. Classificaria como humor pastelão. Family Guy sim é muito ousado e ácido. Acho que uma série que trabalha bem esse humor negro misturado com constantes piadas de sexo é Two and a Half Men. É muito complicado fazer essa mistura na TV aberta por causa da censura e sair com um material engraçado e inteligente.
Coolt: Os remakes também têm sido explorados, como Melrose Place, 90210, V. O que você acha de trazer essas histórias a um novo público?
Michel: Não tenho problemas com remakes, mas acho que muitas vezes as emissoras lançam regravações horríveis na sua grade por acharem que já existe uma base de fãs da versão original. A NBC fez os péssimos remakes de Bionic Woman e Knight Rider que não duraram nem uma temporada. Acho ruim os novos Melrose Place (que deve ser cancelado esse semestre) e 90210. Vi os primeiros episódios de Melrose e 90210, mas não consegui passar do terceiro. O canal CW já anunciou o remake de La Femme Nikita (ME-DO) e a CBS está investindo forte no remake de Havaí 5-0. Não duvido nada que depois que sair o filme do A-Team esse ano, vão falar em remake para as telinhas também. V eu só assisti o primeiro episódio da versão original e estou gostando muito da versão atual. Battlestar Galactica já provou que um remake bem feito, pode ter sucesso.
Coolt: Por que você acha que o modelo seriado faz tanto sucesso?
Michel: Em relação à produção, podemos dizer que séries são mini-filmes. Você pode trabalhar uma história, uma saga ou uma mitologia em longo prazo sem tornar aquilo cansativo como as novelas que passam diariamente.
Coolt: Mesmo tendo bom público no Brasil, a entrada desse modelo na televisão aberta ainda é muito pequena. Você chuta algum motivo para isso?
Michel: Acho que não passa de um problema financeiro. Uma série americana é vendida para o mundo todo. Aqui no Brasil não tem como um investimento para uma série do porte de um bom drama ou um bom sci-fi, por exemplo, terem retorno apenas com o mercado doméstico. A HBO até pode ser dar ao luxo em produções nacionais como Mandrake e Alice sabendo que possuem sua filias da America latina para explorar. Uma rede globo teria que estudar uma forma de retorno financeiro pioneira e como as novelas já dão um bom retorno, acho que eles ficam com a filosofia do “time que está ganhando não se muda”. Não considero Força Tarefa algo com a qualidade necessária para empolgar os fãs de séries americanas. Ao mesmo tempo tenho medo de estarmos caminhando para trás, pois lembro como fiquei impressionado com a qualidade de “A Justiceira” com Malu Mader em 1997.
ouch!!
eita que a verdade doi...
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